sábado, 18 de maio de 2013
capitulo 17
O meu espírito se vai consumindo, os meus dias se vão apagando, e só tenho perante mim a sepultura.
Deveras estou cercado de zombadores, e os meus olhos contemplam as suas provocações.
Promete agora, e dá-me um fiador para contigo; quem há que me dê a mão?
Porque aos seus corações encobriste o entendimento, por isso não os exaltarás.
O que denuncia os seus amigos, a fim de serem despojados, também os olhos de seus filhos desfalecerão.
Porém a mim me pôs por um provérbio dos povos, de modo que me tornei uma abominação para eles.
Pelo que já se escureceram de mágoa os meus olhos, e já todos os meus membros são como a sombra.
Os retos pasmarão disto, e o inocente se levantará contra o hipócrita.
E o justo seguirá o seu caminho firmemente, e o puro de mãos irá crescendo em força.
Mas, na verdade, tornai todos vós e vinde; porque sábio nenhum acharei entre vós.
Os meus dias passaram, e malograram os meus propósitos, as aspirações do meu coração.
Trocaram a noite em dia; a luz está perto do fim, por causa das trevas.
Se eu esperar, a sepultura será a minha casa; nas trevas estenderei a minha cama.
Å corrupção clamo: Tu és meu pai; e aos vermes: Vós sois minha mãe e minha irmã.
Onde, pois, estaria agora a minha esperança? Sim, a minha esperança, quem a poderá ver?
As barras da sepultura descerão quando juntamente no pó teremos descanso.
capitulo 18
Então respondeu Bildade, o suíta, e disse:
Até quando poreis fim às palavras? Considerai bem, e então falaremos.
Por que somos tratados como animais, e como imundos aos vossos olhos?
Oh tu, que despedaças a tua alma na tua ira, será a terra deixada por tua causa? Remover-se-ão as rochas do seu lugar?
Na verdade, a luz dos ímpios se apagará, e a chama do seu fogo não resplandecerá.
A luz se escurecerá nas suas tendas, e a sua lâmpada sobre ele se apagará.
Os seus passos firmes se estreitarão, e o seu próprio conselho o derrubará.
Porque por seus próprios pés é lançado na rede, e andará nos fios enredados.
O laço o apanhará pelo calcanhar, e a armadilha o prenderá.
Está escondida debaixo da terra uma corda, e uma armadilha na vereda.
Os assombros o espantarão de todos os lados, e o perseguirão a cada passo.
Será faminto o seu vigor, e a destruição está pronta ao seu lado.
Serão devorados os membros do seu corpo; sim, o primogênito da morte devorará os seus membros.
A sua confiança será arrancada da sua tenda, onde está confiado, e isto o fará caminhar para o rei dos terrores.
Morará na sua mesma tenda, o que não lhe pertence; espalhar-se-á enxofre sobre a sua habitação.
Por baixo se secarão as suas raízes e por cima serão cortados os seus ramos.
A sua memória perecerá da terra, e pelas praças não terá nome.
Da luz o lançarão nas trevas, e afugentá-lo-ão do mundo.
Não terá filho nem neto entre o seu povo, e nem quem lhe suceda nas suas moradas.
Do seu dia se espantarão os do ocidente, assim como se espantam os do oriente.
Tais são, na verdade, as moradas do perverso, e este é o lugar do que não conhece a Deus.
capitulo 19
Respondeu, porém, Jó, dizendo:
Até quando afligireis a minha alma, e me quebrantareis com palavras?
Já dez vezes me vituperastes; não tendes vergonha de injuriar-me.
Embora haja eu, na verdade, errado, comigo ficará o meu erro.
Se deveras vos quereis engrandecer contra mim, e argüir-me pelo meu opróbrio,
Sabei agora que Deus é o que me transtornou, e com a sua rede me cercou.
Eis que clamo: Violência! Porém não sou ouvido. Grito: Socorro! Porém não há justiça.
O meu caminho ele entrincheirou, e já não posso passar, e nas minhas veredas pôs trevas.
Da minha honra me despojou; e tirou-me a coroa da minha cabeça.
Quebrou-me de todos os lados, e eu me vou; e arrancou a minha esperança, como a uma árvore.
E fez inflamar contra mim a sua ira, e me reputou para consigo, como a seus inimigos.
Juntas vieram as suas tropas, e prepararam contra mim o seu caminho, e se acamparam ao redor da minha tenda.
pôs longe de mim a meus irmãos, e os que me conhecem, como estranhos se apartaram de mim.
Os meus parentes me deixaram, e os meus conhecidos se esqueceram de mim.
Os meus domésticos e as minhas servas me reputaram como um estranho, e vim a ser um estrangeiro aos seus olhos.
Chamei a meu criado, e ele não me respondeu; cheguei a suplicar-lhe com a minha própria boca.
O meu hálito se fez estranho à minha mulher; tanto que supliquei o interesse dos filhos do meu corpo.
Até os pequeninos me desprezam, e, levantando-me eu, falam contra mim.
Todos os homens da minha confidência me abominam, e até os que eu amava se tornaram contra mim.
Os meus ossos se apegaram à minha pele e à minha carne, e escapei só com a pele dos meus dentes.
Compadecei-vos de mim, amigos meus, compadecei-vos de mim, porque a mão de Deus me tocou.
Por que me perseguis assim como Deus, e da minha carne não vos fartais?
Quem me dera agora, que as minhas palavras fossem escritas! Quem me dera, fossem gravadas num livro!
E que, com pena de ferro, e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha.
Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.
E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus,
Vê-lo-ei, por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros o contemplarão; e por isso os meus rins se consomem no meu interior.
Na verdade, que devíeis dizer: Por que o perseguimos? Pois a raiz da acusação se acha em mim.Temei vós mesmos a espada; porque o furor traz os castigos da espada, para saberdes que há um juízo.
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