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terça-feira, 21 de maio de 2013


capitulo 28

Na verdade, há veios de onde se extrai a prata, e lugar onde se refina o ouro.
O ferro tira-se da terra, e da pedra se funde o cobre.
Ele põe fim às trevas, e toda a extremidade ele esquadrinha, a pedra da escuridão e a da sombra da morte.
Abre um poço de mina longe dos homens, em lugares esquecidos do pé; ficando pendentes longe dos homens, oscilam de um lado para outro.
Da terra procede o pão, mas por baixo é revolvida como por fogo.
As suas pedras são o lugar da safira, e tem pó de ouro.
Essa vereda a ave de rapina a ignora, e não a viram os olhos da gralha.
Nunca a pisaram filhos de animais altivos, nem o feroz leão passou por ela.
Ele estende a sua mão contra o rochedo, e revolve os montes desde as suas raízes.
Dos rochedos faz sair rios, e o seu olho vê tudo o que há de precioso.
Os rios tapa, e nem uma gota sai deles, e tira à luz o que estava escondido.
Porém onde se achará a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência?
O homem não conhece o seu valor, e nem ela se acha na terra dos viventes.
O abismo diz: Não está em mim; e o mar diz: Ela não está comigo.
Não se dará por ela ouro fino, nem se pesará prata em troca dela.
Nem se pode comprar por ouro fino de Ofir, nem pelo precioso ônix, nem pela safira.
Com ela não se pode comparar o ouro nem o cristal; nem se trocará por jóia de ouro fino.
Não se fará menção de coral nem de pérolas; porque o valor da sabedoria é melhor que o dos rubis.
Não se lhe igualará o topázio da Etiópia, nem se pode avaliar por ouro puro.
Donde, pois, vem a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência?
Pois está encoberta aos olhos de todo o vivente, e oculta às aves do céu.
A perdição e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama.
Deus entende o seu caminho, e ele sabe o seu lugar.
Porque ele vê as extremidades da terra; e vê tudo o que há debaixo dos céus.
Quando deu peso ao vento, e tomou a medida das águas;
Quando prescreveu leis para a chuva e caminho para o relâmpago dos trovões;
Então a viu e relatou; estabeleceu-a, e também a esquadrinhou.
E disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência. 

capitulo 29

E prosseguiu Jó no seu discurso, dizendo:
Ah! quem me dera ser como eu fui nos meses passados, como nos dias em que Deus me guardava!
Quando fazia resplandecer a sua lâmpada sobre a minha cabeça e quando eu pela sua luz caminhava pelas trevas.
Como fui nos dias da minha mocidade, quando o segredo de Deus estava sobre a minha tenda;
Quando o Todo-Poderoso ainda estava comigo, e os meus filhos em redor de mim.
Quando lavava os meus passos na manteiga, e da rocha me corriam ribeiros de azeite;
Quando eu saía para a porta da cidade, e na rua fazia preparar a minha cadeira,
Os moços me viam, e se escondiam, e até os idosos se levantavam e se punham em pé;
Os príncipes continham as suas palavras, e punham a mão sobre a sua boca;
A voz dos nobres se calava, e a sua língua apegava-se ao seu paladar.
Ouvindo-me algum ouvido, me tinha por bem-aventurado; vendo-me algum olho, dava testemunho de mim;
Porque eu livrava o miserável, que clamava, como também o órfão que não tinha quem o socorresse.
A bênção do que ia perecendo vinha sobre mim, e eu fazia que rejubilasse o coração da viúva.
Vestia-me da justiça, e ela me servia de vestimenta; como manto e diadema era a minha justiça.
Eu me fazia de olhos para o cego, e de pés para o coxo.
Dos necessitados era pai, e as causas de que eu não tinha conhecimento inquiria com diligência.
E quebrava os queixos do perverso, e dos seus dentes tirava a presa.
E dizia: No meu ninho expirarei, e multiplicarei os meus dias como a areia.
A minha raiz se estendia junto às águas, e o orvalho permanecia sobre os meus ramos;
A minha honra se renovava em mim, e o meu arco se reforçava na minha mão.
Ouviam-me e esperavam, e em silêncio atendiam ao meu conselho.
Havendo eu falado, não replicavam, e minhas razões distilavam sobre eles;
Porque me esperavam, como à chuva; e abriam a sua boca, como à chuva tardia.
Se eu ria para eles, não o criam, e a luz do meu rosto não faziam abater;
Eu escolhia o seu caminho, assentava-me como chefe, e habitava como rei entre as suas tropas; como aquele que consola os que pranteiam. 

capitulo 30

Agora, porém, se riem de mim os de menos idade do que eu, cujos pais eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho.
De que também me serviria a força das mãos daqueles, cujo vigor se tinha esgotado?
De míngua e fome se debilitaram; e recolhiam-se para os lugares secos, tenebrosos, assolados e desertos.
Apanhavam malvas junto aos arbustos, e o seu mantimento eram as raízes dos zimbros.
Do meio dos homens eram expulsos, e gritavam contra eles, como contra o ladrão;
Para habitarem nos barrancos dos vales, e nas cavernas da terra e das rochas.
Bramavam entre os arbustos, e ajuntavam-se debaixo das urtigas.
Eram filhos de doidos, e filhos de gente sem nome, e da terra foram expulsos.
Agora, porém, sou a sua canção, e lhes sirvo de provérbio.
Abominam-me, e fogem para longe de mim, e no meu rosto não se privam de cuspir.
Porque Deus desatou a sua corda, e me oprimiu, por isso sacudiram de si o freio perante o meu rosto.
Å direita se levantam os moços; empurram os meus pés, e preparam contra mim os seus caminhos de destruição.
Desbaratam-me o caminho; promovem a minha miséria; contra eles não há ajudador.
Vêm contra mim como por uma grande brecha, e revolvem-se entre a assolação.
Sobrevieram-me pavores; como vento perseguem a minha honra, e como nuvem passou a minha felicidade.
E agora derrama-se em mim a minha alma; os dias da aflição se apoderaram de mim.
De noite se me traspassam os meus ossos, e os meus nervos não descansam.
Pela grandeza do meu mal está desfigurada a minha veste, que, como a gola da minha túnica, me cinge.
Lançou-me na lama, e fiquei semelhante ao pó e à cinza.
Clamo a ti, porém, tu não me respondes; estou em pé, porém, para mim não atentas.
Tornaste-te cruel contra mim; com a força da tua mão resistes violentamente.
Levantas-me sobre o vento, fazes-me cavalgar sobre ele, e derretes-me o ser.
Porque eu sei que me levarás à morte e à casa do ajuntamento determinada a todos os viventes.
Porém não estenderá a mão para o túmulo, ainda que eles clamem na sua destruição.
Porventura não chorei sobre aquele que estava aflito, ou não se angustiou a minha alma pelo necessitado?
Todavia aguardando eu o bem, então me veio o mal, esperando eu a luz, veio a escuridão.
As minhas entranhas fervem e não estão quietas; os dias da aflição me surpreendem.
Denegrido ando, porém não do sol; levantando-me na congregação, clamo por socorro.
Irmão me fiz dos chacais, e companheiro dos avestruzes.
Enegreceu-se a minha pele sobre mim, e os meus ossos estão queimados do calor.
A minha harpa se tornou em luto, e o meu órgão em voz dos que choram. 

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