terça-feira, 14 de maio de 2013
capitulo 5
Chama agora; há alguém que te responda? E para qual dos santos te virarás?
Porque a ira destrói o louco; e o zelo mata o tolo.
Bem vi eu o louco lançar raízes; porém logo amaldiçoei a sua habitação.
Seus filhos estão longe da salvação; e são despedaçados às portas, e não há quem os livre.
A sua messe, o faminto a devora, e até dentre os espinhos a tira; e o salteador traga a sua fazenda.
Porque do pó não procede a aflição, nem da terra brota o trabalho.
Mas o homem nasce para a tribulação, como as faíscas se levantam para voar.
Porém eu buscaria a Deus; e a ele entregaria a minha causa.
Ele faz coisas grandes e inescrutáveis, e maravilhas sem número.
Ele dá a chuva sobre a terra, e envia águas sobre os campos.
Para pôr aos abatidos num lugar alto; e para que os enlutados se exaltem na salvação.
Ele aniquila as imaginações dos astutos, para que as suas mãos não possam levar coisa alguma a efeito.
Ele apanha os sábios na sua própria astúcia; e o conselho dos perversos se precipita.
Eles de dia encontram as trevas; e ao meio dia andam às apalpadelas como de noite.
Porém ao necessitado livra da espada, e da boca deles, e da mão do forte.
Assim há esperança para o pobre; e a iniqüidade tapa a sua boca.
Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus repreende; não desprezes, pois, a correção do Todo-Poderoso.
Porque ele faz a chaga, e ele mesmo a liga; ele fere, e as suas mãos curam.
Em seis angústias te livrará; e na sétima o mal não te tocará.
Na fome te livrará da morte; e na guerra, da violência da espada.
Do açoite da língua estarás encoberto; e não temerás a assolação, quando vier.
Da assolação e da fome te rirás, e os animais da terra não temerás.
Porque até com as pedras do campo terás o teu acordo, e as feras do campo serão pacíficas contigo.
E saberás que a tua tenda está em paz; e visitarás a tua habitação, e não pecarás.
Também saberás que se multiplicará a tua descendência e a tua posteridade como a erva da terra,
Na velhice irás à sepultura, como se recolhe o feixe de trigo a seu tempo.
Eis que isto já o havemos inquirido, e assim é; ouve-o, e medita nisso para teu bem.
capitulo 6
Então Jó respondeu, dizendo:
Oh! se a minha mágoa retamente se pesasse, e a minha miséria juntamente se pusesse numa balança!
Porque, na verdade, mais pesada seria, do que a areia dos mares; por isso é que as minhas palavras têm sido engolidas.
Porque as flechas do Todo-Poderoso estão em mim, cujo ardente veneno suga o meu espírito; os terrores de Deus se armam contra mim.
Porventura zurrará o jumento montês junto à relva? Ou mugirá o boi junto ao seu pasto?
Ou comer-se-á sem sal o que é insípido? Ou haverá gosto na clara do ovo?
A minha alma recusa tocá-las, pois são para mim como comida repugnante.
Quem dera que se cumprisse o meu desejo, e que Deus me desse o que espero!
E que Deus quisesse quebrantar-me, e soltasse a sua mão, e me acabasse!
Isto ainda seria a minha consolação, e me refrigeraria no meu tormento, não me poupando ele; porque não ocultei as palavras do Santo.
Qual é a minha força, para que eu espere? Ou qual é o meu fim, para que tenha ainda paciência?
E porventura a minha força a força da pedra? Ou é de cobre a minha carne?
Está em mim a minha ajuda? Ou desamparou-me a verdadeira sabedoria?
Ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão, ainda ao que deixasse o temor do Todo-Poderoso.
Meus irmãos aleivosamente me trataram, como um ribeiro, como a torrente dos ribeiros que passam,
Que estão encobertos com a geada, e neles se esconde a neve,
No tempo em que se derretem com o calor, se desfazem, e em se aquentando, desaparecem do seu lugar.
Desviam-se as veredas dos seus caminhos; sobem ao vácuo, e perecem.
Os caminhantes de Tema os vêem; os passageiros de Sabá esperam por eles.
Ficam envergonhados, por terem confiado e, chegando ali, se confundem.
Agora sois semelhantes a eles; vistes o terror, e temestes.
Acaso disse eu: Dai-me ou oferecei-me presentes de vossos bens?
Ou livrai-me das mãos do opressor? Ou redimi-me das mãos dos tiranos?
Ensinai-me, e eu me calarei; e fazei-me entender em que errei.
Oh! quão fortes são as palavras da boa razão! Mas que é o que censura a vossa argüição?
Porventura buscareis palavras para me repreenderdes, visto que as razões do desesperado são como vento?
Mas antes lançais sortes sobre o órfão; e cavais uma cova para o amigo.
Agora, pois, se sois servidos, olhai para mim; e vede se minto em vossa presença.
Voltai, pois, não haja iniqüidade; tornai-vos, digo, que ainda a minha justiça aparecerá nisso.
Há porventura iniqüidade na minha língua? Ou não poderia o meu paladar distinguir coisas iníquas?
capitulo 7
Porventura não tem o homem guerra sobre a terra? E não são os seus dias como os dias do jornaleiro?
Como o servo que suspira pela sombra, e como o jornaleiro que espera pela sua paga,
Assim me deram por herança meses de vaidade; e noites de trabalho me prepararam.
Deitando-me a dormir, então digo: Quando me levantarei? Mas comprida é a noite, e farto-me de me revolver na cama até à alva.
A minha carne se tem vestido de vermes e de torrões de pó; a minha pele está gretada, e se fez abominável.
Os meus dias são mais velozes do que a lançadeira do tecelão, e acabam-se, sem esperança.
Lembra-te de que a minha vida é como o vento; os meus olhos não tornarão a ver o bem.
Os olhos dos que agora me vêem não me verão mais; os teus olhos estarão sobre mim, porém não serei mais.
Assim como a nuvem se desfaz e passa, assim aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir.
Nunca mais tornará à sua casa, nem o seu lugar jamais o conhecerá.
Por isso não reprimirei a minha boca; falarei na angústia do meu espírito; queixar-me-ei na amargura da minha alma.
Sou eu porventura o mar, ou a baleia, para que me ponhas uma guarda?
Dizendo eu: Consolar-me-á a minha cama; meu leito aliviará a minha ânsia;
Então me espantas com sonhos, e com visões me assombras;
Assim a minha alma escolheria antes a estrangulação; e antes a morte do que a vida.
A minha vida abomino, pois não viveria para sempre; retira-te de mim; pois vaidade são os meus dias.
Que é o homem, para que tanto o engrandeças, e ponhas nele o teu coração,
E cada manhã o visites, e cada momento o proves?
Até quando não apartarás de mim, nem me largarás, até que engula a minha saliva?
Se pequei, que te farei, ó Guarda dos homens? Por que fizeste de mim um alvo para ti, para que a mim mesmo me seja pesado?
E por que não perdoas a minha transgressão, e não tiras a minha iniqüidade? Porque agora me deitarei no pó, e de madrugada me buscarás, e não existirei mais.
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